segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Carteira recomendada para janeiro de 2015

Três corretoras, dentre as avaliadas pela Carteira Valor Econômico, podem ser consideradas as campeãs de 2014: Geração Futuro, Bradesco Corretora e Souza Barros. Deixaram as concorrentes no chinelo, como se diz. E o desempenho acumulado dos últimos anos resiste a qualquer teste estatístico. Não foi sorte, foi competência. As três carteiras foram muito bem no último triênio.
Grande parte do sucesso da Geração Futuro foi em razão de ter apostado, de forma persistente, nas faculdades. E uma delas está até hoje em seu portfólio, a ESTC3. No mais, a corretora entrou em 2015 com os dois pés dentro do setor financeiro, indicando BBSE3, CIEL3 e ITUB4. Só uma ação contempla o potencial das exportações, KLBN11. A Bradesco está com uma carteira inteiramente voltada ao mercado interno, com ARTR3, MDIA3, SMTO3, TOTS3 e VLID3. A Souza Barros segue outra linha, voltada a recuperação de blue chips como EMBR3, FIBR3 e PETR4, equilibradas por dois papéis defensivos, RENT3 e RADL3.
A Santander, que mereceu menção honrosa por seu desempenho positivo em 2014, enquanto a maioria das corretoras soçobravam, ancora parte de sua carteira com BBSE3, ITUB4 e EMBR3, mas arrisca com duas small caps, ANIM3 e LYNX3. Possivelmente a Anima pode tornar-se a bola da vez entre as educacionais.
A Ativa sempre teve boas sugestões e portfólios equilibrados, suficientes para superar o Ibovespa, mas não tão fortes a ponto de chegar à frente da concorrência. Abre o ano somente com blue chips, BBDC4, BRFS3, CIEL3, LIGT3 e PCAR4. Segue a mesma linha a Citi, com BBSE3, BRFS3, ITUB4, PCAR4 e SUZB5.
A XP tem se tornada mais séria, mas ainda tem de provar que pode ter um desempenho acima do Ibovespa. A carteira está bem conservadora, com CTIP3, CIEL3, EMBR3, ESTC3 e ITUB4.
Não é de hoje que a SLW vai mal, de tal modo que pode sugerir que se fuja de seus papéis, ALPA4, KROT3 e SMLE3. A BB, que também foi mal em 2014, sugere, isoladamente, BRKM5 e CPLE6.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Carteira recomendada de ações para setembro de 2014

Depois de um agosto que rendeu 9,78%, principalmente por causa das blue chips que destravaram, as carteiras recomendadas saíram do feijão com arroz e agora se nutrem de um longo buffet variado. Até mesmo a Eletrobras voltou (SLW e BB), para acompanhar a Petrobras (Ativa, BB, Votorantim, Souza Barros e Santander). O problema, nesse ano, é bater o Ibovespa: só três das doze carteiras acompanhadas pelo Valor estão melhor que o índice.
Algumas ações fortes de mercado interno também aparecem, ainda que timidamente (Ambev, Natura, Hypermarcas, Hering, Pão de Açúcar e Raia Drograsil). Pelo menos uma dessas ações costuma entrar nos portfólios, com objetivo de reduzir a variância da carteira.
Será muito difícil alguém disputar o título com a Geração Futuro. A carteira composta de ESTC3, BBSE3, KLBN11, ITUB4 e ALSC3 é diversificada o bastante e resistente a crises episódicas e setoriais.
É interessante notar a estratégia da Santander. Com a carteira montada com PETR3, BBAS3, ITUB4, SULA11 e CSAN3, procurou papéis com ótimo desempenho em agosto. É uma aposta de que não haverá correção, mas continuidade na elevação dos preços. Para sugerir tais papéis, excluiu as faculdades, cujo desempenho no mês passado ficou bem abaixo do Ibovespa.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Análise técnica avançada não funciona

Há um mercado grande de cursos, apostilas, livros e instrutores que disputam alunos de análise técnica. O assunto, quanto mais aparentemente sofisticado, mais desperta o interesse dos incautos e promete maiores lucros. Mas o resultado, ao menos em tese, é irônico.
A análise técnica de fato funciona, muitas vezes. Mas não por você ter descoberto alguma fórmula mágica ou um desenho oculto em meio a linhas, topos, barras e fundos. Ela dá certo porque o mercado, no curto prazo, está sempre se auto-realizando. Ele se movimenta não de acordo com os fundamentos reais, mas com as expectativas de seus agentes, que na maior parte das vezes estão fundadas em emoções e julgamentos coletivos. Se todo mundo olha o mesmo gráfico e vê o ativo crescer, e todo mundo concorda que essa é a tendência do ativo, é natural que ele continue crescendo.
Mas a análise da análise técnica não é tão trivial assim. Movimentos auto-realizáveis dependem da ação conjunta de vários agentes. Nos mercados, salvo manipulações, essa ação não é coordenada conscientemente pelos agentes que se combinam para fazer o preço do ativo crescer. A coordenação é inconsciente e involuntária. Todos agem como se o ativo fosse crescer e de fato ele cresce. Claro que na prática há muitos ruídos nesse processo e na maioria das vezes não há mamão com açúcar na vida de um trader.
Se todos têm de agir juntos e de modo semelhante, mesmo sem se comunicar, a escolha ótima recai em comportamentos repetitivos, estereotipados e automáticos. Nada de reinventar a roda. É como um jogador na posição de volante, em um time de futebol, burocrático, que joga plantado e dá chutões pra frente. Ele sabe que seu papel durante o jogo pode ser justamente aquele de não criação. Também é como uma fala em uma festa de formatura: é boa a que escolha as palavras esperadas. Ou um porteiro, em que sua função é não fazer nada de diferente, apenas olhar e reprovar visitas indesejadas. Enfim, há milhares de ofícios em que o que se espera é o sujeito reproduzir uma técnica, uma tarefa ou um produto sem alterá-lo. Isso é muito mais comum do que o contrário, quando você pode soltar sua criatividade e sua inspiração para inventar algo diferente.
Não há o que revelar na análise técnica. Ela funciona justamente quando não há nada oculto e todo mundo, até mesmo uma criança, pode dizer o que vai acontecer com o ativo no dia de amanhã. Ou ele está subindo ou está descendo. É simples. Quanto mais gente achar a mesma coisa, mais a profecia dará certo. É o oposto da previsão do tempo, quando a opinião das pessoas não tem nenhum impacto nas movimentações atmosféricas.
Quem insiste em sofisticar a análise técnica, inventando figuras, descobrindo supostos padrões, testando fórmulas, mesmo sabendo que as regularidades podem ser infundadas, apenas foge do resultado ótimo. Se você tem de fazer a análise que todo mundo faz, não adianta ficar meses comparando diferentes médias móveis ou números de Fibonacci, porque o grupo de pessoas que faz isso sempre será muito pequeno e não terá força para auto-realizar os mercados.
As lições que se tira do mundo da análise técnica produz resultados estranhos, em desalinho com o mercado de ensino de tal corpo de conhecimento. Três lições são mais importantes: 1- quanto mais indicadores forem usados no mercado, menor é sucesso da análise técnica. 2- o mesmo vale para o número de figuras (tudo além de topos e fundos, como ombros, pirâmides, bonecos, dentaduras, etc.). Com tantos indicadores e figuras, é improvável que todos achem a mesma coisa. Enquanto um vê um tigre no desenho, outra pessoa vê, no mesmo desenho, uma borboleta.
A terceira lição é a mais boba de todas. Há décadas, era relativamente fácil de se dizer se o ativo estava subindo ou descendo. Era só ter olhos. Hoje isso não é mais trivial. Com as facilidades da informática, você precisa escolher o horizonte de seu gráfico, se cobrirá horas, dias, semanas ou meses. Daí tudo se complica, porque o ativo pode estar subindo durante o dia, mas estar descendo na semana, subindo no mês e descendo no ano. Ou seja, as unidades diferentes de tempo transformam tudo em uma salada. Até mesmo algo que era relativamente fácil, dizer se um número está aumentando ou reduzindo, passa a ser quase impossível de se dizer com certeza, salvo nos casos de números muito bem comportados, com poucos componentes aleatórios, o que é cada vez mais raro nos mercados. Portanto, quanto mais complexa temporalmente for sua análise, pior ela será. Para dar certo, mais uma vez, você precisa ser tosco, buscar o gráfico que todo mundo usa e fechar os olhos para o resto.
Em suma, quanto mais diversificada as ferramentas de análise técnica, pior é o resultado. Não o seu resultado, isolado, mas o de todo mundo. Os números andam em passeios aleatórios, em que quase ninguém consegue ganhar dinheiro com análise técnica.
Estudar análise técnica é como construir uma escada para subir um degrau e, depois, quando você está em cima, jogar a escada fora. A análise técnica ensina, na marra, o aluno a saber diferenciar sinal de ruído. O normal é se iludir em algum grau e perder tempo em ferramentas não só desnecessárias como contraproducentes. O lucro, de qualquer forma, só virá com o tempo, fruto de um conhecimento tácito que não se encontra em palavras. De qualquer forma, é preciso estudar pra saber o que se está fazendo com exatidão, revelando os porquês. Buscar fórmulas que se conformem aos resultados passados é um erro típico. Garimpar padrões em meio a ruídos aleatórios é outro. De todo modo, para superar tais tentativas, é preciso disciplina, estudo e dedicação. Mesmo o mais experiente operador, por mais que conheça a teoria e os fundamentos, cedo ou tarde cederá à tentação de achar alguma fórmula mágica.
A busca por padrões é inerente ao comportamento humano. Mas o investidor inteligente sabe reconhecer onde eles cabem e onde não cabem. Não insiste na busca onde não há padrões e não se envergonha de restringir sua análise ao senso comum, quando existe. Ser tosco pode ser uma opção inteligente.

Análise técnica em mercados cambiais

Desde os anos 90 a literatura acadêmica sobre o funcionamento dos mercados cambiais não para de crescer. Por um lado, há muitos dados para serem investigados. Por outro, há um interesse óbvio em aumentar as capacidades preditivas dos modelos.
 Taylor e Allen (1992) pesquisaram o comportamento dos dealers cambiais de Londres, em 1988, e revelaram que pelo menos 90% deles usavam em algum grau a análise técnica em seus estudos, principalmente quando se trata do curto prazo. Para o longo prazo, a análise fundamentalista ganha espaço. Taylor continuou suas pesquisas nessa linha e anos depois criou modelos capazes de captar as movimentações de câmbio em obediência aos fundamentos no longo prazo, mas o respeito ao passeio aleatório no curto prazo.
A pesquisa original foi especialmente interessante pois indicou a possibilidade dos mercados se auto-realizarem (self-fulfilling). Essa é única hipótese racional, suficiente e necessária capaz se sustentar a validade da análise técnica.






TAYLOR, Mark P.; ALLEN, Helen. The use of technical analysis in the foreign exchange market. Journal of international Money and Finance, v. 11, n. 3, p. 304-314, 1992.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Carteira recomendada do Tesouro Direto para agosto de 2014

Com a Selic estacionada nos 11%, fica claro para os analistas que esse número é o teto do Palácio do Alvorada. Não podemos esquecer que a meta de inflação foi descumprida várias vezes desde que foi implantada. Com a inflação passando, mesmo que à risca, o teste de sua meta, é muito provável que a presidente esteja satisfeita com tal elevação de nível de preços. O controle, sejamos francos, é para não ultrapassar 6,5% — esqueça o centro de 4,5%. A esquerda econômica acredita, com fé, que uma inflação moderada faz bem.
Isso significa que talvez seja hora de largar as conservadoras LFTs e, paradoxalmente, encarar um pouco mais de risco, mesmo sob a política econômica desviada. Esquecer os eventuais prejuízos dos títulos prefixados que você teve de aceitar e entender em 2013 e se expor às LTNs e NTN-Fs, que pagam 12% ao ano (com vencimento de 2018 em diante).
Com a inflação doméstica em uma linha mais previsível, pode ser interessante reduzir o risco de sua carteira com NTN-Cs, indexadas ao IGP-M, para se assegurar diante de que alguma aventura cambial no primeiro ano da nova gestão do ministério da economia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Carteira recomendada para agosto de 2014

A média do retorno das carteiras (aquelas compiladas pelo Valor Econômico) tem perdido do Ibovespa esse ano. Tal resultado é um pouco desalentador e favorece os preguiçosos espertos que desistem de tentar bater o mercado e aceitam o índice. Não à toa muitos recomendadores se arrependeram e fizeram as pazes com a Petrobras. Consta até mesmo nas conservadoras Ativa e Souza Barros.
Algumas observações são importantes. Depois de levar porrada em julho, a BB Investimentos resolveu mudar toda a carteira e agora busca o Ibovespa descaradamente, com Vale, Petro, Itaú, Marfrig e, a surpresa, Gol.
A XP não voltou mais às aloprações de 2013 e mantém a pegada leve com Cielo, Itaú, Randon, Estácio e BB Seguridade. Se for mal, pelo menos está na maré.
A Geração Futuro, que é a campeã do ano até agora, com larga vantagem, manteve sua carteira, distribuída em Klabin, Raia, Cetip, BB Seg., e Estácio. Praticamente uma carteira de mercado interno, mesmo com a economia em declínio, mas de característica defensiva, podendo responder inversamente às variações píbísticas. Com a economia morna, é estranho ainda ver ABEV3 (SLW), PCAR4 (Citi) e HYPE3 (Bradesco), papéis tão dependentes das expectativas brazucas. A maioria das corretoras expurgou tais ações para agosto.
As telefônicas sumiram da praça. Só entrou a TIMP3 na Planner, mesmo assim esperando por boas notícias temporárias. Também foram varridas as empresas ligadas ao mercado imobiliário e ao setor elétrico. O impressionante é a força das ações ligadas ao mercado financeiro. Da carteira do Valor de 10 ações, 5 são do setor: relembrando, Itáu, Bradesco, BB Seg., Valid e Cielo. Isso mostra medo do mercado externo, temor da chamada política industrial brasileira e atenção aos desmarcos regulatórios.
Perder do Ibovespa e ainda ficar negativo (como metade das carteiras) é como fazer um gol contra. Pra evitar o vexame, o melhor é seguir esta estranha correnteza desse período pré-eleitoral.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Carteira recomendada de dividendos vale a pena?

Geralmente o investidor que prefere papéis que pagam bons dividendos tende a ser alguém conservador. Em oposto, especuladores arrojados, no outro lado do espectro, preferem ações com beta alto, liquidez e volatilidade, para que possam fazer suas operações curtas. Dessa forma, passa-se a impressão de que o aplicador de dividendos é do tipo que "casa" com as empresas. Mas não precisa ser assim.
Não é porque você escolhe companhias que distribuem seus lucros aos acionistas em proporção maior do que os 25% (percentual que a lei para as sociedades de capital aberto  obriga) que você vai fechar os olhos para flutuações no valor de uma empresa. Para citar um exemplo, o governo Dilma fez uma forte intervenção, de modo surpreendente, no regulamento do setor elétrico brasileiro. Ações desse setor perfaziam a maioria daquelas recomendadas pelas corretoras nas carteiras de dividendos. Houve um queda abrupta no preço das ações de quase todas as empresas, mas umas caíram mais que outras e se produziu uma mudança nas relações de preço e lucro e preço e valor patrimonial, a tal ponto que se tornou inquestionável a necessidade de uma recomposição das carteiras. O investidor que "casou" com os ativos errados, como se diz no mercado, por certo teve prejuízos contínuos.
Portanto, é muito recomendável que mesmo os investidores conservadores tenham de recombinar suas escolhas ao menos uma vez por mês. Se não houver mudanças significativas, ele pode continuar com os papeis, economizar os custos de corretagem e poupar seu trabalho de fazer a operação. Mas se nenhuma corretora continua sugerindo aquela ação que você comprou com tanta esperança, é hora de aceitar que nesse barco você não pode remar sozinho.
Assim como qualquer ação, buscar aquelas que pagam maiores dividendos de modo consistente é um trabalho árduo, de pessoas especializadas. Não há como fazê-lo sem um conhecimento específico do setor que se está analisando. Não basta conhecer os balanços contábeis ou os indicadores fundamentais. Como, em geral, as recomendações se concentram em alguns setores específicos — elétrico, telefonia, mineração e setor financeiro — é indispensável um acompanhamento setorial. O caso mais óbvio é do setor elétrico, que já exemplificamos. Alguém que se dedique a estudar as ações boas em dividendos terá de se debruçar sobre a regulamentação brasileira do setor e as notícias de intervenção governamental que frequentemente abalam o mercado.
Com tanto esforço a ser feito, é uma graça divina que haja corretoras divulgando tais carteiras de papéis bons em dividendos, mesmo sabendo que tais composições variam pouco e que os investidores são do tipo que apresentam baixo giro de carteira. Por óbvio, são poucas as corretoras e bancos que fazem tal trabalho. É compreensível.
Uma facilidade específica na análise e interpretação dessas carteiras de dividendos é que elas variam pouco de corretora para corretora. O mercado muitas vezes tem consenso de quais empresas são confiáveis e são boas pagadoras de dividendos. Ademais, a competição entre as corretoras é menor e os problemas de quererem se destacar artificialmente aumentando o risco da carteira escolhida é pequeno. As carteiras de dividendos estão longe dos holofotes, podemos dizer, e isso é um ponto muito positivo para a qualidade do que está sendo sugerido.
De qualquer forma, a pergunta que compõe o título remete a duas questões: 1- se vale a pena eu seguir a carteira de outrem na escolha de companhias que pagam bons dividendos, ao invés de me virar sozinho, estudar e fazer minhas apostas; e 2- se é melhor eu seguir uma carteira de dividendos do que seguir outra carteira qualquer. A primeira questão nós temos, com clareza, que a resposta é sim, vale a pena. Agora vamos explorar a segunda questão.
É uma arrogância querer prever o futuro ou descobrir, ocultamente, padrões gráficos no Ibovespa em seus movimentos de longo prazo. De qualquer forma, quando se analisa um horizonte temporal de anos ou décadas, é perceptível a persistência de fases consistentes, os bull markets (as boas fases) e os bear markets (as más fases). Claro que é difícil saber, no presente, quando um começa e o outro termina. Mas diferente dos mercados diários, em que não se tem certeza do que realmente está ocorrendo, se é uma tendência de fato ou um ruído aleatório, os movimentos de longo prazo são consensuais. Atualmente a bolsa brasileira vive um bear market, enquanto a bolsa americana passa por um momento de bull market. Você pode explorar esse conhecimento para escolher quando optar por ações que são boas em pagar dividendos.
Quando o mercado está aquecido e otimista, as ações sobem bastante. Nesse caso, os dividendos pagos não fazem tanta diferença, porque a subida dos preços da maioria dos papeis, mesmo dos maus pagadores de dividendos ou de empresas endividadas e em prejuízo sistemático, é muito interessante. Mas quando o mercado está fraco e relativamente pessimista, como é o caso do mercado brasileiro hoje, as perspectivas de ganho com o aumento regular dos preços das ações são mais escassas. Nesse caso, a aposta em dividendos é muito boa, porque garante um fluxo permanente de ganhos que você não encontra no então morno e apático mercado acionário.
Podemos nos perguntar, então, se é assim tão simples, por que os investidores não adotam sempre essa estratégia? Na maior parte dos casos é por conta da ambição de querer acertar a entrada dos bull markets, quando os ganhos iniciais podem compensar a espera paciente. Investidores ambiciosos sofrem muito ao sentirem que perderam uma boa oportunidade que outros aproveitaram. Assim, podem preferir seguir a manada, com medo de perder o trem da alegria dos grandes saltos de preços, mesmo sabendo que no longo prazo estariam melhor com outras estratégias.
Note que sua escolha por ações pagadoras de dividendos geralmente pode estar associada a um pessimismo sobre o comportamento futuro do mercado acionário. Se você é um otimista inveterado, optar pelos dividendos pode ser bastante contraditório, assim como se você é um amante do risco. O segredo para uma boa estratégia, que seja compatível com suas expectativas de ganho e de risco, e sua tolerância de se sentir fora do jogo, é se conhecer.
Em suma, opte por carteiras de dividendos, ao invés de outras carteiras, se você tem aversão ao risco e desconfiança em relação ao mercado acionário. Por último, é interessante salientar que tais características, desse perfil de investidor, geralmente tratam de um sujeito que investe pouco em ações e prefere por a maior parte de seu dinheiro em imóveis ou em títulos públicos. No Brasil, o mercado acionário é tido como um investimento de risco. Mas não é necessariamente assim. O menos arriscado é diversificar os investimentos, de tal forma que mesmo as pessoas conservadoras e avessas ao risco, todas elas, deveriam ter parte do seu capital investido em ações.